Além do sofrimento de membros da família e de amigos, o suicídio de alguém também impacta a vida de outras pessoas, como colegas de trabalho, por exemplo.
Nos últimos anos, campanhas como o Setembro Amarelo, de prevenção contra o suicídio, e o Janeiro Branco, de conscientização sobre o bem-estar emocional, têm ganhado relevância nas redes sociais. A discussão sobre transtornos como depressão, ansiedade e estresse nunca esteve tão em voga.
Por este motivo, cada vez mais companhias dizem se preocupar com o bem-estar e a saúde emocional dos seus funcionários. Contudo, a grande maioria das empresas ainda não dispõe de um plano efetivo voltado a colaboradores que enfrentam problemas emocionais ou que possuem histórico de tentativas de suicídio na família.
Segundo pesquisa global do Instituto Ipsos, 53% dos entrevistados brasileiros relataram alguma deterioração na saúde mental em 2020, representando a quinta maior alta entre os 30 países pesquisados.
E isso serve de alerta para diversos gestores:
Como sabemos, o trabalho pode estar intimamente ligado ao surgimento de transtornos mentais, a começar pela síndrome de burnout.
No começo do ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu oficialmente a Síndrome na lista de doenças ligadas ao trabalho.
O mesmo estudo ainda apontou que, 91% dos trabalhadores afirmam que as companhias têm o dever de investir em saúde mental, sendo seus líderes e gestores a interface para por em prática ações de conscientização e posvenção.
Para quem ainda não sabe, o termo posvenção significa qualquer ato apropriado e de ajuda que aconteça após o suicídio com o objetivo de auxiliar os sobreviventes a viver mais, com mais produtividade e menos estresse que eles viveriam se não houvesse esse auxílio.
Não existe fórmula mágica, existe atenção aos sinais
Tomada a decisão de levar o tema a sério, chega a hora de agir.
Infelizmente, não há fórmula mágica. Assim como na saúde física, os transtornos mentais têm causas múltiplas e se manifestam de maneiras diferentes.
Do ponto de vista individual, somente um profissional conseguirá diagnosticar. Mas, pensando do ponto de vista da empresa, algumas atitudes gerais ajudam a proporcionar um ambiente mais saudável.
Vamos a elas:
- Invista em Campanhas de conscientização como o Setembro Amarelo;
- Capacite seus gestores para conhecer mais sobre o tema;
- Crie grupos de apoio, capazes de agir diante de emergências;
- Estimule um ambiente de trabalho mais saudável, evitando longas jornadas, cobranças desmedidas e não tolere assédio moral e atos discriminatórios de qualquer natureza;
- Fique atento a comportamentos depressivos, casos de absenteísmo e isolamento social, principalmente durante as confraternizações da empresa;
- Ao perceber sinais de que o colaborador precisa de ajuda, disponibilize um profissional da área terapêutica e acompanhe de perto esses casos;
- E o mais importante: promova o diálogo, sem julgar ou criticar, procurando sempre se botar no lugar do outro.
Neste mês de setembro e nos demais meses do ano, ao presenciar situações de extrema angústia, depressão e isolamento prolongado, disque 188 e fale com o atendimento do CVV (Centro de Valorização da Vida) relatando o ocorrido.
Se isso acontecer dentro da sua empresa, por favor, leve o tema ao conhecimento de gestor de RH ou Gente.